A tecnologia está muito ligada à melhoria da qualidade de vida das pessoas. A tendência de ligar uma coisa com a outra é tão forte, que muitas vezes nem pensamos se de fato a nova “invenção” realmente traz benefícios. Muitas coisas mudaram a vida humana para pior e mesmo assim se tornaram extremamente populares.
No livro “Sapiens”, Yuval Harari conta com a revolução agrícola, por exemplo, transformou o mundo, mas de certa forma estragou a alimentação rica dos caçadores-coletores, que era diversificada e a base de proteína e gordura e mudou para uma alimentação à base de carboidratos (grãos, principalmente, trigo e milho), que nos influencia até hoje. A agricultura foi uma invenção que facilitou a vida do homem, mas não podemos dizer que foi um sucesso em todos os sentidos.
Outro exemplo que gosto de usar é do patinetes (saudades de andar de patinete né, minha filha!). Muitas pessoas começaram a trocar as caminhadas para o trabalho pelos famosos patinetes eletrônicos só porque eram “cool”, mas estavam perdendo talvez a melhor oportunidade de se exercitar durante o dia e tomar uma dose vitamina D. E ainda gastavam dinheiro com isso.
Tudo isso para exemplificar como precisamos nos questionar sobre o poder das tecnologias. Uma das invenções que está influenciando a mente das pessoas e ninguém está percebendo é a Memória externa, atualmente disfarçada no seu celular e no nosso amigo Google.
Todos nós temos consciência que usávamos muito mais a memória (se você nasceu antes de 1990). Decorávamos lista de telefones importantes, datas de aniversário, até nomes de ruas. Uma pesquisa na Inglaterra, mostrou que um terço das pessoas não sabem o próprio número da linha fixa de casa sem olhar no celular e 30% não se lembram de mais de 3 aniversários de pessoas próximas.
Aparentemente ter uma memória externa é muito útil. Não precisamos ficar guardando tanta informação e temos, agora, espaço para guardar informações mais importantes. Será?
Aprendendo com profissionais da mente, competidores de concurso de memória, vemos que a memória é muito parecida com um músculo. Quanto mais você utilizar, mais forte ela fica. Inversamente, se você não utilizar, ela atrofia. Conclusão, dependeremos cada vez mais da nossa “memória” externa.
E quais as implicações disso?
Primeiro, impactando diretamente o objetivo do Ler Mais Livros é que a memória fraca é inimiga de quem quer começar a ler livros. Pense naquela experiência de ler mais de 200 páginas de um livro e não conseguir guardar nada. Desmotivador. Esse é um dos motivos pelas quais as pessoas acabam desistindo de ler, pois gastam o seu tempo e não absorvem nada. É como assistir toda a trilogia Crepúsculo rs. Quem é o louco para continuar fazendo isso?
Segundo. A criatividade surge quando ligamos pontos previamente não conectados, mas se não podemos nos lembrar de quais pontos existem, não conseguiremos ligar nada. O processo criativo depende da memória.
“A criatividade, de certo modo, é uma memória futura” Joshua Foer
Além disso, qualquer tipo de análise crítica também depende do que você conseguiu armazenar sobre algum assunto. É impossível criticar (de forma inteligente e construtiva) se você não tiver um histórico de pensamentos.
Não é de se surpreender que análise crítica e criatividade são duas das maiores características procuradas no mercado de trabalho atualmente, pois são habilidades que estão ficando cada vez mais escassas e a culpa pode ser pela nossa falta de memória.
Como podemos melhorar e escapar dessas armadilha? Fica para um próximo post.
Enquanto isso. Questione-se! Exercite a sua memória sempre que possível e pare de depender tanto das novas tecnologias.
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