O primata e nossa capacidade de julgar
Todos nós temos os nossos próprios defeitos e estamos longes de sermos perfeitos, mas com as condições que temos, seja financeira ou pelo nível de habilidade e conhecimento adquirido, nós tentamos sempre fazer o melhor que podemos.
Sempre estamos procurando ser mais sábios, mais capazes, mais satisfeitos e mais felizes.
Fazendo essa pergunta “Você acha que você dá o seu melhor diariamente?” a resposta é quase que unânime: "Sim!". Algumas pessoas pensam um pouco, pois como falei, temos os nossos pontos fracos.
Com certeza, em algumas áreas da vida (profissional, amorosa, familiar) você não esteja tão satisfeito com a sua performance, mas no geral, damos o nosso melhor. Praticamente 100% das pessoas irá concordar com isso.
Porém, quando pergunto “Você acha que as outras pessoas dão o seu melhor diariamente?”. Adivinha a resposta.
No livro “Mais forte do que nunca”, a escritora e pesquisadora Brené Brown diz que metade das pessoas não acredita que as pessoas dão o seu melhor todos os dias. Na minha pesquisa (sem nenhum critério científico, apenas por curiosidade), essa taxa foi muito maior.
Como é que 100% das pessoas acham que fazem o seu melhor, mas menos da metade das “outras pessoas” não fazem?
A resposta da primeira pergunta sobre você mesmo exige um certo tempo de reflexão. Da segunda, é um “Claro que não!” imediato, como se fosse um reflexo instintivo. Porque ele é. Adivinha quem está por trás dessa resposta? O cérebro primata, meus amigos.
E o que nos leva a ter essa diferença de percepção? A nossa capacidade de julgar as pessoas.
A capacidade de fazer julgamentos nos ajudou a evoluirmos como espécie, através dele fomos capazes de nos protegermos contra possíveis ameaças, sejam outros animais ou outros humanos. Ao julgar, facilitamos a decisão se devemos ou não confiar em determinada pessoa.
Desde pequenos aprendemos a julgar. Aquela criança é malvada, melhor ficar longe. Aquela criança é legal, talvez eu devesse ganhar a confiança dela. Fora as conversas que as crianças escutam dos pais julgando outras pessoas.
A resposta que estávamos procurando
Mas qual o problema? Acredito mesmo que eu dou o meu melhor e algumas pessoas são preguiçosas ou não estão nem aí para nada.
O grande problema é a falta de empatia que existe. Ao julgar uma pessoa, você muda o seu comportamento em relação a ela e se você acha que ela não faz o melhor, nunca terá empatia suficiente para entendê-la.
Como disse Don Miguel Ruiz em seu livro “Os 4 compromissos”:
“Toda a tristeza e drama que você tem vivido na sua vida é causado por fazer suposições e levar as coisas para o lado pessoal.”
Se quisermos ter uma vida mais plena, precisamos aprender a parar de julgar. Fazer suposições de que a pessoa não está interessada ou não faz o seu melhor só nos leva à tristeza.
Na sua pesquisa, Brené Brown fez essa pergunta para o seu marido: “As pessoas fazem o melhor que elas podem?”. Ele pensou e respondeu “Eu não sei a resposta, mas a minha vida é melhor quando eu assumo que sim.”
Talvez essa seja a resposta que estávamos procurando.
Em algumas situações, as pessoas podem mesmo estar atuando abaixo das expectativas, todos temos limitações e sabemos como é difícil equilibrar todas as áreas da nossa vida, conseguir deixar todos os pratos girando.
A pessoa pode estar passando por um momento difícil, tomando decisões ruins porque está focando a energia para resolver um problema muito maior.
Por isso, em algum momento pode realmente parecer que as pessoas não fazem o seu melhor.
Mas assumir que alguém não faz o melhor é eliminar toda a complexidade da vida por trás de um ação ou uma decisão.
Controle-se! Sem julgamentos
A grande verdade é que é mais fácil julgar. O cérebro primata sempre procura o mais fácil.
A pessoa não é interessada. A pessoa não pensa no futuro. A pessoa não busca se desenvolver. A pessoa não tem coragem. Tudo isso é fácil, porém simplista e errado.
Mude a sua perspectiva em relação às outras pessoas. Essa forma mais otimista de ver a vida fará você ter mais empatia e, consequentemente, ter uma vida mais plena.
Uma forma de fazer isso é estar “Awareness” (leia o post Ansiedade Improdutiva) dos seus pensamentos. Toda vez que pensar sobre as atitudes ou comportamentos de uma pessoa, conseguir parar e refletir se aqueles pensamentos são julgamentos ou fatos.
A pessoa estar com dificuldades financeiras é um fato. A pessoa não estar preocupada em aprender a gerenciar as finanças é um julgamento. A pessoa não ter entregue o projeto na qualidade esperada é um fato. A pessoa não está motivada a aprender é um julgamento.
Aprenda a diferenciar quando está julgando. É o primeiro passo para conseguir parar de julgar. Não é nada fácil, mas é totalmente necessário.
Não deixe o primata assumir o controle e tenha uma vida mais intencional.
Sem julgamentos.
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