Em um mundo cada vez mais dinâmico e inundado de informações, somos inclinados a cometer erros de julgamentos que podem levar a resultados ruins, principalmente no mundo financeiro.
Seja pelo processo evolutivo (funcionava antes e agora não mais) ou por indução dos processos de vendas (que conhece melhor do que nós como pensamos), caímos em algumas armadilhas do pensamento.
Para evitar isso, Michael Mauboussin consolidou os principais erros que cometemos em 8 tópicos, mostrando exemplos e ações que podem ser tomadas para evitar os erros.
Com uma carreira no mundo financeiro, ele mostra como isso pode impactar na sua estratégia de investimentos e nas análises de mercado.
1. Visão Externa
Temos a tendência de acharmos que somos de alguma forma especiais. Pesquisas feitas mostram que a maioria das pessoas sempre acha que estão acima da média de inteligência na empresa que trabalha, o que é impossível, visto que para definição da média é preciso ter pessoas abaixo da média também.
Um dos viés mais comuns é a “falácia do planejamento”, em qualquer planejamento, as pessoas sempre acham que irão cumprir o prazo e o orçamento, mesmo quando o histórico mostra o contrário.
“Vai dar tempo, comigo é diferente”
O mesmo acontece com gestores de fundos, que sempre acham que podem bater os índices, mas no longo prazo acabam tendo resultados piores.
Evite focar na sua visão interna. Procure ver o que os outros fizeram, compare e não seja tão otimista no seu planejamento.
2. Aberto a opções
Temos o que Michael chama de “Visão de túnel”. Quando temos uma opinião, tendemos a ver as coisas que contribuem para essa visão.
Pessoas com preferências políticas diferentes podem ver o mesmo discurso dos candidatos e terem percepções diferentes sobre o que foi dito.
Quando estamos muito focados em algo, costumamos não perceber outros detalhes que podem ser cruciais para a nossa tese de investimento. Um exemplo é o experimento do gorila, onde os participantes precisam contar quantas vezes os times trocam passes de basquete e não percebem que um gorila gigante passa no meio da quadra, porque a sua atenção está em uma atividade e deixa passar algo bizarro como um gorila dançando.
Cuidado para não cair na visão de túnel. Procure opiniões divergentes da sua e ouça sem julgamento. Faça um diário de decisões (antes do resultado) para conseguir enxergar se estava com viés.
3. Os especialistas sob pressão
Os especialistas sempre tiveram um papel influenciador muito forte na nossa sociedade. Quando a informação era restrita, os especialistas eram os únicos com capacidade de julgamento para casos críticos. Por isso, a sociedade exalta juízes, médicos, gestores de investimentos e consultores.
Porém, a efetividade desses especialistas em alguns ambientes não são tão boas quanto pensávamos.
Muitas vezes a sabedoria das massas pode desempenhar melhor do que a visão exclusiva do especialista. Com um diversificação de opiniões grande, a média d as massas pode entender melhor o comportamento do sistema. Um case interessante é da Best Buy, onde a estimativa de vendas feita pelo conjunto de previsões de vários funcionários foi melhor do que a previsão dos chamados “especialistas”.
Outro ponto que contribui para diminuir a importância dos especialistas é o aumento da capacidade computacional. Cada vez mais as máquinas podem tomar decisões melhores que os humanos. Um programa de computador conseguiu através de dados criar uma fórmula de precificação de vinhos:
Valor do vinho = -12,1454 + 0,001177 * chuva de inverno + 0,6164 * Temperatura média da estação de cultivo - 0,00386 * chuva de colheita
Chegando a ter uma previsão mais consistente e precisa que os famosos enólogos (e menos esnobe e cara também).
Mas, calma, os especialistas ainda são úteis. Como seres humanos temos uma habilidade ainda não transmitida para os computadores. Somos excelentes em eliminar soluções ruins. Enquanto o computador precisa testar as soluções, somos muito mais rápidos em abandonar caminhos sem fim. Além disso, os especialistas conseguem criar conexões criativas entre informações diferentes.
Então, sim, precisamos de especialistas, mas talvez não para tudo. Aprenda a analisar o cenário para saber em quem confiar a decisão. Procure a opinião das massas e confie mais nos computadores.
4. Consciência Situacional
O que acontece ao nosso redor tem muito mais influência do que gostaríamos de assumir e do que temos consciência.
Um experimento mostrou, por exemplo, que a nacionalidade da música que toca no supermercado pode influenciar a nacionalidade das vendas dos vinhos. Se tocar uma música em francês, as vendas de vinhos francês sobe consideravelmente. E sem a percepção dos compradores, que entrevistados depois comentaram que nem ouviram a música e que jamais seriam influenciados dessa forma.
Outro experimento feito na universidade de Stanford é o da prisão. Onde os participantes começaram a agir conforme os papéis atribuídos, mostrando agressividade como guardas e rebeldia como presos. Mesmo sabendo que era uma simulação. O experimento teve que ser cancelado antes do previsto para evitar consequências mais sérias.
É difícil ter a consciência de quando estamos sendo influenciados pelo nosso meio. Mas sempre tenha a noção de que pode estar sendo influenciado e tente refletir sobre a sua decisão no momento.
5. Mais é diferente
Tendemos a extrapolar o comportamento de um indivíduo para o comportamento do coletivo, mas em sistemas complexos, o todo é maior do que a soma das partes. Em cada nível de complexidade, propriedades inteiramente novas podem aparecer.
“Não pergunte a uma formiga o que está acontecendo no formigueiro. Estude a colônia como um todo.”
A mesma coisa acontece com o mercado financeiro. A irracionalidade do mercado não é resultado direto da irracionalidade dos indivíduos. Tome cuidado em extrapolar as propriedades individuais.
6. Evidência das circunstâncias
Tentamos extrapolar escolhas de sucesso a partir de experiências anteriores para novas situações, geralmente com resultados ruins.
Somos ávidos por encontrar fórmulas de sucesso, procurando atributos específicos daqueles que conseguiram vencer. Tentando sempre achar uma relação de causa e efeito.
Mas, na vida real, essa relação de causalidade é muito raro de ser estabelecida. Um exemplo clássico é a relação entre o mercado americano de ações com o ganhador do Super Bowl. Quando uma equipe da National Football Conference ganha, a bolsa sobe. Quando um time da American Football Conference ganha, a bolsa cai. Entre 1967 a 2008, quem apostou nessa correlação acertou 80% das vezes. O que não quer dizer que existe uma relação de causa e efeito entre as duas coisas. Cuidado!
7. Grand Ah-Whooms
Sistemas complexos possuem pontos críticos de mudanças de fase que podem perturbar todo o sistema e torná-lo frágil.
Isso aconteceu na inauguração da Ponte do Milênio em Londres, onde a quantidade de pessoas andando sobre a ponte fez com que ela vibrasse lateralmente de forma incontrolável. Uma reação não esperada pelos engenheiros que não sabiam desse ponto crítico. A ponte teve que ser interditada logo após a sua inauguração.
A mesma coisa ocorre no comportamento dos mercados de capitais. Um exemplo foi a derrocada da LTCM (Long-Term Capital Management). Segundo as suas próprias análises, a correlação entre seus ativos foi de menos de 10% nos 5 anos anteriores. Para testar o portfólio, eles assumiram que as correlações poderiam subir até 30% em cenários de estresse. Mas quando a bolha de 1998 estourou, eles viram as correlações entre ativos subirem rapidamente para 70%. Resultando em prejuízos astronômicos.
“A única coisa que sobe em um mercado em baixa é a correlação”
8. Separando a sorte da técnica
Temos o péssimo hábito de considerar a sorte apenas quando o resultado não é favorável e atribuímos à nossa habilidade quando temos resultados positivos.
Quando a sorte possui uma influência grande no sistema, temos o que chamamos de regressão à média. Os resultados aleatórios tendem, no longo prazo, retornando à média da amostra.
“Analistas negligenciam a reversão para a média ao considerar fatores essenciais como as taxas de crescimento das vendas e os níveis de lucratividade econômica.”
Uma forma de avaliar se a sorte tem um papel fundamental no sistema é se questionar se você conseguiria perder de propósito.
Como esses 8 pontos, você pode se tornar um tomador de decisões melhor. Não significa que você deve a todo momento pensar nessas condições. Você ficaria louco ou não faria nada.
Mas quando os riscos forem altos, é bom fazer uma auto reflexão para ver se não está caindo em nenhuma dessas armadilhas. Então, quando for tomar alguma decisão desse tipo, pare e pense duas vezes.
Resumo em 1 página para download (PDF):
Para mais resumos: https://www.lermaislivros.com/downloads
Esse resumo é para que você não esqueça dos principais pontos, leia o livro completo para conseguir capturar esses e muito outros pontos importantes.
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