Nós adoramos histórias de detetives, desde novelas como Vale Tudo, que parou o país no capítulo final para saber quem matou Odete Roitman em 1988 ou com o final de A próxima vítima em 1995. Até as clássicas histórias de Sherlock Holmes.
Essas histórias conseguem nos prender talvez pela curiosidade do desfecho e o senso de justiça, mas elas nos fazem pensar de uma forma errada sobre a vida: que sempre existe um culpado.
Algumas pessoas levam isso tão a sério que quando vão para o mercado de trabalho viram o gestor detetive. Aquele que vive achando culpados.
Todos nós conhecemos esse perfil. No momento em que ele recebe um novo projeto, a primeira coisa que ele faz é descobrir quem ele pode culpar caso o projeto dê errado.
Será que posso culpar a TI? O sistema que não ajuda? A outra área que não colabora? A falta de controle do processo? O meu superior que só quer saber de status e não me deixa trabalhar? Ou melhor, a incompetência da minha equipe (Ah se eu tivesse uma equipe melhor)? Quem será que matou Odete Roitman?
Esse gestor já tem uma lista de prioridades para escolher, por isso ele adora projetos semelhantes, porque ele já sabe quais problemas vão dar e quem ele pode culpar. “Sempre foi feito assim”, “Eu falei que ia dar errado”.
Claro que antes de se tornar gestor, essa pessoa foi um funcionário com a mesma mentalidade. Sempre achando culpados para o fracasso e sempre se tornando vítima das circunstâncias. Afinal o mundo conspira contra ela (#sqn).
O grande problema com esse tipo de mentalidade é que você começa a acreditar nessas besteiras. Não consigo uma promoção porque a outra área não coopera. Não consigo porque meu chefe não me valoriza. Não consigo porque minha equipe não performa.
E, no final, você não consegue mesmo porque acredita que não pode mudar nada.
Se tudo depende de outras pessoas (e não de você), que tipo de esforço você seria capaz de fazer? Melhor fechar a cara e culpar a injustiça do mundo (essa conspiração maldita).
Acorde! O mundo não conspira contra você! Na verdade, ele não está nem aí para você.
No livro “Responsabilidade Extrema”, o ex-oficial da marinha Jocko Willink explica como mudar a sua mentalidade para a Responsabilidade Extrema, ou seja, pensar (e acreditar) que você é responsável por tudo à sua volta, não adianta culpar ninguém.
No meio do campo de batalha, na guerra do Iraque, não adianta culpar uma outra equipe por não ter seguido o plano, ou o seu superior que pede um ppt gigantesco (sim, eles também perdiam horas fazendo PPT, pare de reclamar do seu). Se algo der errado, todo mundo sofre e no caso deles, alguém pode morrer.
Mais fácil falar do que fazer. Como é isso na prática?
O interessante é que após a guerra, o autor virou consultor de estratégia de liderança para grandes empresas e ajuda a aplicar a “Responsabilidade Extrema” e conta vários cases do mundo corporativo no livro.
A Responsabilidade Extrema te leva a refletir de forma empática sobre o porquê as coisas não funcionam. Em vez de reclamar da falta de cooperação de outra equipe, você precisa pensar o que aconteceu de fato. Foi falta de confiança? Foi falta de comunicação? Ninguém acorda querendo ferrar um projeto da empresa que trabalha (se sim, também é um erro de liderança).
Ou um caso muito comum é o microgerenciamento dos superiores. Jocko e a sua equipe reclamavam que no meio da guerra precisavam fazer PPT detalhados (e bonitos) para os seus superiores.
Mas com a Responsabilidade Extrema, Jocko convenceu seu time que isso acontecia porque os superiores não tinham segurança para tomar decisões estando tão longe do campo de batalha e junto com o time eles pensaram em como simplificar a estratégia comunicada, identificando o que eles iriam fazer (em vez de perguntar o que deveriam fazer) e quais os riscos que eles estavam assumindo.
O microgerenciamento nada mais é do que a falta de confiança. Coloque-se no lugar do seu chefe, você acha que ele sente prazer em micro gerenciar? Ou ele iria preferir dar uma missão na sua mão e focar em resolver os problemas dele? Acredite, o seu chefe também tem os próprios pepinos para resolver além de te cobrar.
Em resumo, pare de mimimi e de achar que o mundo está contra você. Assuma responsabilidade sobre tudo que está ao seu redor, no limite a comunicação e a construção da confiança estão sob sua responsabilidade.
Pare de achar culpados para os seus problemas, ninguém quer um Xeroqui Romes na equipe, muito menos como chefe.
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