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Megasena, investimentos e como matar um lobisomem

As lendas e as estórias nos fizeram acreditar no mito da bala de prata. Uma solução definitiva para matar os vilões, a única bala que se acertar o lobisomem é capaz de matá-lo, a única pedra que atirada na testa do gigante Golias, o faria desmoronar.

megasena, investimentos e como matar um lobisomem

Por muito tempo escutamos essas estórias, o que nos fez acreditar e procurar por essas soluções em quase tudo que fazemos.


Gostamos de fazer uma fé, acreditando que vamos ganhar na Megasena.


Achamos que iremos ter uma grande ideia do dia para a noite e ficarmos milionários.


Acreditamos que iremos escolher uma ação vencedora, que multiplicará por 5.000x o nosso capital.


Acreditamos que encontraremos a fórmula mágica para o sucesso.


Acreditamos no remédio milagroso que fará emagrecer sem sofrimentos.


Acreditamos no mito da bala de prata.


Um dos motivos para isso acontecer é que somos péssimos em calcular estimativas. Nossa cabeça, definitivamente, não foi feita para probabilidade.


Um evento com baixa probabilidade com um impacto muito grande, como uma queda de avião, parece ser muito mais provável do que realmente é.


Na megasena, só vemos vídeos dos ganhadores felizes, por isso temos a impressão que é mais fácil do que parece.


Mas se também pudéssemos ouvir todos os perdedores, ficaríamos dias seguidos sem dormir vendo declarações de como perder dinheiro.


Daí, então, talvez (eu disse talvez) nos convenceríamos de que é uma furada.


Da mesma forma, quando investimos também caímos nessa armadilha. Segundo Howard Marks, no seu brilhante livro “O mais importante para o investidor”:

“Independente do nome, seja Santo Graal ou almoço grátis, todos querem a fórmula da riqueza sem risco. Poucos questionam se isso é algo possível e, se for, porque estaria disponível para elas. Em essência, a esperança é a última que morre.”

De alguma forma, o mito da bala de prata representa isso que Howard fala: esperança.


Nosso corpo, biologicamente falando, reage melhor à esperança. Nos recompensa com dopamina. Por isso nos sentimos bem quando pensamos que podemos virar a mesa e ganhar a sorte grande, isso nos motiva a continuar (os cassinos também sabem disso rs).


Mas como disse Morgan House no seu também excelente livro “A psicologia financeira”: “Ninguém é maluco”.


Essas decisões vão além de uma lógica racional e financeira. Existem outras motivações por trás. História de vida, visão de mundo, ego, educação, tudo isso vira uma narrativa que faz a decisão ter sentido para a pessoa.


O que precisa ficar claro é que achar a bala de prata não deve ser o seu objetivo. Porque pode ser que ela nem exista.


Em vez de gastar a sua energia nessa procura (e o seu dinheiro também), foque no outro caminho (o mais difícil) e apenas fique feliz se a bala de prata aparecer.


O melhor jeito de derrubar uma grande árvore não é achar o machado que irá cortá-la em apenas um golpe, é conseguir acertá-la de forma constante e certeira com vários golpes.

Em vez de depender de uma ideia vencedora, tenha várias (e mais importante, coloque várias em prática).


Em vez de tentar acertar a próxima Magalu na sorte, estude e diversifique.


Em vez de jogar na megasena, aprenda a investir o dinheiro mensal dos jogos.


No final, a vida não é uma estória. Não existe mágica.


Cortar a árvore, com certeza, exige mais esforço, vai fazer suar, é desanimador e muito mais difícil.


Como disse Charles Munger, um dos maiores investidores de todos os tempos, sobre investimentos e que eu acho que se aplica para a vida:


“Não é para ser fácil, é tolo quem acha que é”

 

Livros para os questionadores


Ler mais livros é compartilhar conhecimento.


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