Em 1954, o professor de psicologia Leon Festinger se viu com uma oportunidade única: presenciar o fim do mundo.
O seu jornal mostrava a história de Marian Keech. Uma mulher que dizia ter tido contato com deuses de outro planeta e acreditava que o mundo iria acabar na meia noite do dia 21 de dezembro daquele ano.
O professor Festinger conseguiu se infiltrar na seita que foi formada com os seguidores de Marian. O principal objetivo era entender o que aconteceria com essas pessoas quando a profecia falhasse?
Então no grande dia, todos se reuniram na sala de Marian ansiosos e tensos para esperar a meia noite.
Quando chegou o momento, o silêncio tomou conta do lugar. Ninguém sabia o que falar, se estavam realmente vivos. Nada havia acontecido.
Mas como Festinger previu, nada mudou na crença das pessoas. Pelo contrário, algumas delas pareciam acreditar ainda mais na história.
Muitos começaram a falar que o fato de Marian e seus seguidores alertarem a todos sobre o evento, salvou o mundo ou que os deuses alienígenas vendo a fé do grupo, resolveu dar à Terra uma segunda chance.
Em vez de alterarem as crenças sobre os poderes sobrenaturais de Marian, eles mudaram as evidências.
.Toda essa história parece loucura, mas como escreve Matt Ridley no livro “Black Box Thinking”, ela mostra muito sobre todos nós.
“Quando somos confrontados com uma evidência que desafia nossas crenças mais profundas, nós somos mais inclinados a reformular as evidências do que alterar nossas crenças. Nós simplesmente inventamos novas razões, justificativas e explicações. Às vezes, ignoramos a evidência por completo.”
Muitas vezes, batalhamos por uma crença, abdicamos de tantas coisas, que é quase impensável acreditar que a nossa crença é que está errada.
O exemplo mais claro e talvez que iremos ver com mais frequência nos próximos meses é toda a discussão política polarizada.
A crença extrema em determinado partido ou candidato, faz com que a discussão seja totalmente inútil.
O mundo pode acabar e você não irá conseguir convencer a outra pessoa a mudar sua crença, talvez até fortaleça a crença existente.
Não temos controle sobre a percepção de outra pessoa. Pare de perder energia à toa.
Concentre-se em você. Tenha consciência que estar caindo nesse viés comportamental chamado dissonância cognitiva.
Questione-se sempre, inclusive suas crenças mais profundas.
Muito provavelmente não será fácil descobrir que você estava errado, mas acredite, assim como em 1954, o mundo não irá acabar por causa disso.
"Se alguém puder me mostrar que o que penso ou faço não está certo, mudarei com prazer, pois busco a verdade, pela qual nunca ninguém foi verdadeiramente prejudicado. É a pessoa que continua em seu auto-engano e ignorância que é prejudicada." - Marcus Aurélius
Ler mais livros é compartilhar conhecimento.
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