No meio da Guerra Fria, o governo americano pediu ajuda aos pesquisadores do MIT para encontrar quais eram os parâmetros que definiam projetos bem-sucedidos. O que diferenciava uma boa equipe de uma equipe ruim. Isso seria de extrema importância para a corrida armamentista e espacial.
O professor Thomas J. Allen, então, coletou diversos dados de equipes bem sucedidas e de todas as variáveis imagináveis, apenas um fator foi considerado determinante para o sucesso dessas equipes: a distância entre as mesas de trabalho.
“Algo tão simples quanto o contato visual é muito, muito importante, mais importante do que se pode imaginar. Se você pode ver os outros ou mesmo a área onde trabalham, você se lembra deles e isso gera uma série de efeitos.”, disse Allen.
Com isso, ele criou a curva de Allen, que mostra o nível de interação das pessoas dependendo da distância entre elas. Acima de 50 metros, a comunicação praticamente acaba e abaixo de 6 metros a frequência dispara. Você conversa mais, tira mais dúvidas e até manda mais emails para as pessoas que estão fisicamente próximas.
E essa comunicação, que muitas vezes não tem a ver propriamente com trabalho, é importante para criar algo que não estamos dando muita atenção: CONEXÃO.
A pandemia trouxe vários desafios para as pessoas e para o mundo corporativo. Uma delas foi o trabalho remoto. A maioria das empresas foram obrigadas a se adaptarem e a implementaram o Home office.
Por um lado, caiu o mito de que pessoas trabalhando em casa diminuiriam a produtividade. Talvez, essa produtividade até aumentou em alguns lugares.
Mas por outro lado, estamos perdendo a conexão entre as pessoas.
“Usamos sinais muito antes de desenvolvermos a linguagem, e nosso cérebro inconsciente está totalmente sintonizado com determinados tipos de comportamentos” Daniel Coyle
Somos seres sociais, o cérebro primata aprendeu com a evolução formas de confiar em determinadas pessoas através dos sinais que elas transmitem, principalmente para se proteger daquelas que não são confiáveis. Por isso, estamos o tempo todo capturando sinais que aumentam ou diminuem o nível de confiança que temos sobre outra pessoa.
Esse nível de confiança é essencial para criar equipes de alto desempenho, principalmente equipes criativas. Isso é o que está por trás da curva de Allen.
A conexão é construída aos poucos. Não por reuniões infinitas que fazemos com as pessoas, mas por pequenas coisas do dia a dia.
Um bom dia, uma ajuda com a máquina de café, uma gentileza para segurar a porta do elevador, uma piada para distrair, um chocolate de presente após o almoço. São essas pequenas deixas comportamentais que criam uma equipe forte, uma equipe que confia em seus integrantes.
E são todas as situações que acabamos excluindo com o home office.
Talvez conseguiremos criar outras formas de gerar esses laços, talvez a tecnologia consiga de alguma forma aumentar esse nível de interação. Ou talvez, aprenderemos a trabalhar melhor remotamente, sem reuniões atrás de reuniões.
Ou talvez não.
E aí o home office pode ser um tiro no pé, pode não funcionar, pois esse elo de ligação, conforme mostrado pelas pesquisas de Allen, é muito mais importante do que habilidades e experiências individuais para criar equipes de alto desempenho. É um elo que não pode ser perdido.
Uma última observação. A proximidade física entre as pessoas é condição para criar a conexão entre elas, mas não irá garantir que ela ocorra.
Se as pessoas do grupo não estão predispostas a criarem um grupo forte ou as condições não são propícias (cultura e liderança), daí o home office pode inclusive ser mais produtivo, porque de qualquer forma não existirá conexão forte entre a equipe e cada um faz o seu próprio trabalho.
Seja lá quais forem as condições, precisamos refletir sobre os efeitos do Homeoffice.
Livros para os questionadores:
Ler mais livros é compartilhar conhecimento.
Se você curtiu, compartilhe a página com os seus amigos e siga-nos nas redes sociais (Instagram e YouTube)
Comments