A maior barreira quebrada nos últimos anos quando falamos de um período sabático foi a opção de hospedagem. O modelo de negócio do Airbnb, compartilhamento de acomodações, revolucionou o mercado e, principalmente, tornou uma viagem longa como essa em algo financeiramente mais viável.
Para se ter ideia, nas nossas pesquisas, comparando o aluguel temporário com o preço de hotéis, a economia era de mais de 50%. Além de ser mais barato, existem muitas outras vantagens de ficar em um apartamento ou em uma casa. Mas, claro, nem tudo são flores. Iremos discutir também sobre as desvantagens dessa opção.
PONTOS POSITIVOS
1) Preço. A maior vantagem com certeza é o preço. Simulando uma hospedagem em Madrid (dia 28/03/21), um airbnb bem localizado no centro da cidade para um casal e uma criança sai por R$7.400,00 para o mês de outubro inteiro. Um quarto e duas camas com um banheiro.
Olhando no Booking.com, o hotel três estrelas mais barato para as mesmas condições sai por R$11.400,00, sem o café da manhã e um pouco mais afastado do centro. Um hotel quatro estrelas na mesma região do Airbnb sai por R$30.000,00, sem o café da manhã também. Ou seja, financeiramente não tem comparação. Se não fosse essa opção, a nossa viagem provavelmente não teria acontecido.
2) Espaço. Com a pandemia, aprendemos como é difícil viver o dia inteiro dentro de casa com crianças. Agora imagine morar em um quarto de hotel. Mesmo podendo sair a maior parte do tempo, existem dias de chuva ou dias que estamos cansados e ficamos em casa. Com uma criança é um desespero.
Em alguns países, existem Airbnb que são quartos de hotéis, sem o serviço de quarto e com uma cozinha improvisada. Na Nova Zelândia, ficamos em um assim e é muito ruim para mais de uma semana. Tudo muito apertado e o cheiro da comida fica em todo o quarto. Em uma viagem com outros objetivos pode ser uma boa, mas com filhos espaço na casa é uma grande vantagem.
3) Cozinha própria. Ter a própria cozinha é bom porque você tende a gastar menos cozinhando do que comendo sempre fora. Segundo, é mais saudável pois comendo fora tendemos a comer mais besteiras. Terceiro, é menos arriscado. Uma coisa muito comum quando se viaja por muitos lugares diferentes é o estômago não aceitar novos temperos e outros alimentos. Com criança, então, a preocupação de não dar nenhuma dor de barriga é maior ainda. Felizmente, passamos ilesos por essa, muito pelo fato de termos cozinhado 80% das nossas refeições.
4) Profissionalismo. Uma diferença que notamos é que fora do Brasil esse tipo de serviço tem se tornado cada vez mais profissional. Existem empresas que funcionam apenas gerenciando casas de aluguel, o que garante uma certa confiança e uma maior facilidade nos processos de check-in e check-out, com esquemas para pegar as chaves sem precisar encontrar com o dono do apartamento.
Além disso, eles são mais preparados para imprevistos. Em Melbourne, tivemos problemas com o disjuntor e quando ligamos, eles mandaram um rapaz para consertar logo em seguida.
PONTOS NEGATIVOS
1) Horário do Check-in. O profissionalismo dos aluguéis também tem um ponto negativo que é a inflexibilidade. Negociar para fazer um check-in antecipado ou um check-out estendido é muito difícil (no Brasil é bem comum os donos deixarem). Isso faz com que você tenha que esperar longas horas para entrar na acomodação.
Quando chegamos em Sydney, por exemplo, ficamos algumas horas no aeroporto para dar o horário de check in. Diferente de um hotel, você não pode chegar e deixar a bagagem em algum salão e aproveitar o dia até o check in. Com o Airbnb, você precisa encontrar algum lugar seguro para ficar com as malas. Eles até indicam alguns depósitos para deixar, mas acabamos não utilizando.
2) Processo de Check-in. Cada acomodação possui o seu processo de check-in, principalmente para pegar as chaves. E isso pode causar muitos problemas. É um momento bem crítico e estressante em alguns casos.
Em Melbourne, um rapaz ia nos entregar as chaves, mas por algum motivo ele se esqueceu do horário. Ficamos mais de 1 hora esperando e desesperados, pois era nosso primeiro destino. Aquele pensamento “Caracas! Bem que falaram que íamos cair em umas furadas”, “Por que não ficamos quietos na nossa casa?” eram inevitáveis. Ainda mais com uma criança esperando na calçada com um monte de malas.
Sem celular, não conseguíamos nem nos conectar com os donos do apartamento. Fui pedir ajuda em um restaurante do lado e o dono proibiu a garçonete de nos ajudar (outro ponto negativo que falarei logo mais). Entrei em outro restaurante onde a atendente me deixou usar o telefone e utilizar o Wifi.
No final, conseguimos entrar em contato e pegar a chave. Aquele sustinho de boas vindas sabático! A lição é que um dos momentos de estresse da viagem é a hora de pegar as chaves, por isso é bom se preparar.
Em um hotel, você sempre terá a recepção e um processo padrão de pegar as chaves. Depois de uma longa viagem tudo que a gente quer é ter controle da situação.
3) Preconceito contra “Airbnbners”. O Airbnb, assim como todo modelo de negócio que causa uma disrupção do mercado ajuda alguns e prejudica outros. Logo, ser um “Airbnbner” pode ser um problema. Várias cidades foram invadidas por casas de aluguéis e acabaram até descaracterizando a vizinhança. Por isso, muitas pessoas não irão ser gentis com você. Esteja preparado. Por mais civilizada e receptiva que a cidade possa ser, sempre haverão “os babacas”. Não deixe que estraguem a sua viagem.
O dono do restaurante que pedimos ajuda, claramente viu que estávamos com malas e uma criança na calçada, mas não quis nos ajudar porque estávamos “invadindo” a cidade dele (obs.: o cara era um imigrante ganhando a vida na Austrália). No hotel, onde alugamos o quarto via Airbnb, os funcionários do hotel também não nos cumprimentavam. É a vida!
4) Risco de cancelamento. Infelizmente existe sempre o risco do dono da acomodação cancelar a sua reserva. O sistema não pune esses caras, inclusive você não consegue deixar uma mensagem para futuros usuários falando que a pessoa cancelou a sua reserva em cima da hora. Você não consegue resgatar o seu dinheiro caso cancele, mas com o dono nada acontece. Tome cuidado. Conforme falamos no post sobre imprevisibilidade, acabou sendo uma experiência boa o fato de um dos Airbnb ter cancelado a nossa reserva, mas é estressante no momento. Por isso, é preciso procurar acomodações com boas recomendações e os superhosts. Mas mesmo assim nada é garantido.
Com os prós e contras, na nossa opinião, alugar essas acomodações compartilhadas vale muito a pena, financeiramente é o que pode definir se irá conseguir fazer uma viagem dessas ou não.
Mas fique muito esperto com as desvantagens para que o seu aluguel não acabe virando uma armadilha.
Após a viagem pensamos em como mitigar a maioria dessas desvantagens ou pelo menos não se estressar tanto com elas. Em algum post mais para frente iremos falar sobre como evitar momentos de estresse na viagem. Não perca!
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