Em um experimento feito em 1965, Jonathan Freedman queria entender o que funcionava para educar crianças de 7 a 9 anos. Qual seria a melhor forma de convencer uma criança a não fazer algo específico? Bronca, recompensa ou conversa?
Para isso, elaborou um experimento que consistia em colocar alguns meninos em uma sala com brinquedos e falar para eles que eles não deveriam brincar com aquele que seria o mais legal de todos, um robô de controle remoto.
Então, utilizou duas abordagens diferentes.
A primeira era ameaçá-los com graves consequências caso fosse flagrado brinquedo com o robô. “Você vai ficar de castigo se pegar o robô!”.
De fato, a ameaça funcionava. Dos 22 meninos, 21 deles não pegaram no robô quando o pesquisador estava na sala.
Porém, na segunda parte do experimento, seis semanas depois, uma outra pessoa trazia os mesmos meninos de volta à sala para uma atividade que não tinha a ver com os brinquedos. E, após a atividade, a pessoa deixava eles brincarem à vontade.
Então, 77% dos meninos correram para brincar com o robô.
Como toda criança acha (e os adultos mais ainda rs), o que é proibido parece mais gostoso.
Ou seja, a ameaça funciona mas somente se existe alguém observando, ela não é duradoura e nem induz o comportamento desejado. Pelo contrário, ela incentiva o comportamento oposto.
Na segunda abordagem, em vez da ameaça, Freedman apenas alertou os meninos que “era errado brincar com o robô”. Da mesma forma, 21 deles não pegaram o robô para brincar.
Mas após as seis semanas. O índice de meninos que escolhiam o robô para brincar caiu para 33%. Metade do número anterior.
Impressionante!
E como a ciência explica isso?
No livro “As armas da persuasão”, Robert Cialdini explica que nós humanos temos uma tendência muito forte de nos comportarmos conforme a nossa autoimagem.
Queremos sempre ser coerente com o que acreditamos que somos, com o que é certo. Mesmo quando somos crianças.
E os cientistas comportamentais, descobriram que existe uma linha limite entre o incentivo externo (prêmio ou castigo) e responsabilidade interna criada.
Se o prêmio for muito alto (“Você vai ganhar um presente se fizer isso”), ou o castigo for muito rígido (“Você não vai assistir TV por uma semana”), a criança não irá se comprometer em mudar a sua atitude, porque ela está apenas reagindo a um fator externo, é algo racional.
Porém, se o motivo faz com que a criança questione a sua autoimagem (“Não quero magoar a mamãe”, “Não quero fazer coisa errada”), ela se sentirá responsabilizada pela ação, será algo sentimental, de longo prazo.
Claro, é muito mais fácil no experimento. Cada criança tem uma reação diferente ao incentivo e é muito difícil (e bem crítico) conseguir entender a autoimagem que a criança possui.
Mas ninguém falou que seria fácil rs.
Reflita sobre como você tem incentivado o comportamento dos seus filhos e questione-se como pode melhorar.
Não existe um caminho certo quando o assunto é educação dos filhos, mas com certeza a ciência pode nos ajudar a enxergar novas alternativas.
RECOMENDAÇÃO DE LEITURA
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