Se você convive com crianças, seja com pai, avó, tia, tio, você precisa tomar cuidado com as palavras que você usa. As palavras possuem uma grande influência na formação da autoimagem das crianças, que acontece entre o nascimento e a sua adolescência.
Nós, adultos, costumamos falar as coisa por impulsos, sem pensar, mas precisamos ter mais consciência do que estamos falando para ajuda-las a se tornarem pessoas melhores. Afinal é para isso que criamos as nossas crianças.
No livro “Os 4 Compromissos”, o autor Don Miguel Ruiz descreve uma situação que é bem comum no nosso cotidiano.
Uma mulher (poderia ser um homem também) inteligente e de bom coração tem uma filha pequena, adorável também. Uma noite a mulher volta para casa cansada do trabalho, estressada e com dor de cabeça. Ela só quer paz para descansar. Mas a filha quer aproveitar o momento com a mãe, toda alegre pula e canta. Ela está tão feliz que a mãe está em casa que canta cada vez mais alto, praticamente gritando, tão alto que piora ainda mais a dor de cabeça da mãe.
Até o momento que a mãe perde o controle e grita: “Cala essa boca! Você tem uma voz horrível. Pode ficar quieta?”.
A menina não entende que a mãe pode estar estressada com o trabalho, afinal já está em casa. Ela entende como um feedback e aceita como uma verdade. Caso outra pessoa fale a mesma coisa, ela para de cantar. Talvez ela até pare de querer se expor.
Ela aprende que para agradar o pai ou a mãe, é melhor ficar calada e não se divertir. Comportamento que é reforçado na escola.
A mãe se arrepende no dia seguinte, mas a ideia ficou lá. Como disse Dominick Cobb, personagem de Inception “Uma ideia é como um vírus. Resiliente. Altamente contagiosa. Uma vez que a ideia entrou na sua cabeça, é quase impossível de erradica-la .”
A mãe podia ter respirado e explicado que não estava bem, que poderia cantar com a filha no dia seguinte. Mas o nosso cérebro primata é impulsivo e irresponsável. Por isso precisamos controla-lo.
Pense quantas dessas situações acontecem ao longo do ano, ao longo de anos. As crianças respondem de forma diferente a cada um desses estímulos, algumas podem aprender a utilizar essas palavras para se tornarem antifrageis e outras acabam sofrendo e deixando se definirem por essas falsas verdades.
Essas ideias viram o que eu chamo de “Barreiras Ocultas Sedimentadas Te Atrasando” - B.O.S.T.A., bloqueis mentais que futuramente impedem o desenvolvimento da pessoa.
Não estou falando que você não deve repreender a criança, ela também precisa saber que não pode fazer tudo o que deseja. Mas ela precisa saber que a ação é errada e não que a sua personalidade é errada. Isso tanto para o negativo quanto para o positivo. Elogiar demais a personalidade da criança também é uma forma de B.O.S.T.A.
Aprenda a controla o seu cérebro primata. Tenha consciência dos seus atos e das suas palavras. E cuidado para não criar B.O.S.T.A. na cabeça das crianças.
Como pai eu sei o quanto isso é difícil, pois não temos a energia que essas crianças têm para brincar. Ficamos cansados e às vezes gritar é a solução mais fácil.
“Decisões difíceis, vida fácil. Decisões fáceis, vida difícil” Jerzy Gregorek
Com algumas mudanças, como por exemplo, tentar explicar o motivo do seu descontentamento pode ajudar. Se não ajudar, mudar algumas frases que usamos já pode melhorar as nossas respostas.
“Sua voz é irritante” > “Cante mais baixo para não atrapalhar os outros”
“Você é chato” > “Não tem mais graça continuar fazendo isso”
“Você é muito inteligente” > “Muito bem observado!”, “Gostei dessa ideia”
“Para de ser tão bundão” > “Todo mundo sente medo, só praticando que você irá conseguir”
Tente focar as palavras no processo, sempre.
Qualquer comentário sobre a personalidade da criança é um tipo de rótulo que estamos colocando.
Pense em quantos rótulos você se encaixou na vida. Quantas B.O.S.T.A. estão te limitando. Não é inteligente o bastante. Não é criativo o bastante. Não é bonito o bastante. Não é bom o bastante. No final são apenas rótulos, falsas verdades.
Questione as suas próprias verdades. Controle o seu cérebro primata.
E tenha responsabilidade no uso das suas palavras. Para o bem das nossas crianças.
“O jardineiro não faz a planta crescer. O trabalho do jardineiro é criar as condições ideais.” Ken Robinson
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