O clima das Olimpíadas é sempre muito empolgante. Muitas histórias de realizações de sonhos, empenho e superação. Mas não compare tudo isso com a vida real, porque pensar a vida como um esporte prejudica a sua tomada de decisão.
Estamos totalmente condicionados a comparar nossas atividades com um esporte, basta ver quantos slides motivacionais existem com atletas e quantos ex-atletas viram palestrantes empresariais.
Não estou falando que eles não possuem nada para nos ensinar. Acho que as melhores pessoas para nos espelharmos quando pensamos em mentalidade são os atletas.
A grande falha em comparar a vida com o esporte é quando ficamos focados em resultados. Começamos a achar que decisões boas geram resultados bons. Avaliamos o desempenho do “atleta” pela medalha que ele conseguiu.
Mas a vida, diferente de alguns esportes, não consegue isolar um fator crucial: o acaso.
Desempenho está tão atrelado com resultado, que quando pensamos em desassociar um do outro soa muito estranho, quase maluco. Mas é isso que devemos fazer.
Em um dos melhores livros a respeito, “Thinking in bets”, de Annie Duke, ela comenta com ela ensina o que ela aprendeu com o poker para empresas (falei que eles têm muito a transmitir). Uma das dinâmicas, ele explica o processo decisório de uma mão que ela jogou e não fala como a rodada terminou. Nesse momento, os participantes se desesperam. “Como assim? Você ganhou ou perdeu? Qual carta virou no final?”.
E a resposta de Annie Duke é “Não importa! O que importa é a decisão que você tomou com as informações que você tinha no momento.”
“O que torna uma decisão ótima não é que ela tenha um ótimo resultado. Uma grande decisão é o resultado de um bom processo, e esse processo deve incluir uma tentativa de representar com precisão nosso próprio estado de conhecimento” Annie Duke
Isso sim está mais próximo da vida real. Não conseguimos isolar o acaso, a vida não tem um juiz apitando impedimento, não tem uma chance de pedir desafio para ver se a bola foi para fora de verdade, não tem uma faixa indicando o caminho da corrida.
A vida é um caos e no caos, o acaso é rei.
Por isso, precisamos desassociar o resultado da qualidade das nossas decisões. Algo extremamente complexo.
“O valor de uma ação não é medido pelo seu sucesso ou fracasso, mas pela motivação por trás dela.” Dalai Lama
Como fala um texto hindu: “Quando agimos sem apego aos resultados, então nossas mentes permanecem em paz não importa como as coisas se desenrolam.”
Quando começamos a pensar assim, então ficamos em paz, não precisamos saber qual carta virou no final e, muito menos, nos preocuparmos com o quadro de medalhas.
Porque a vida não é um esporte olímpico.
Livros para os questionadores
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